Sem roupa somos iguais
Há cada vez mais nudistas em Portugal.
Segundo a Federação Portuguesa de Naturismo, só este ano inscreveram-se 50 novos praticantes de todas as idades.

Liberdade e perda de complexos com o corpo são os principais motivos que levam cada vez mais pessoas a tirar a roupa.
Mariana, de 43 anos, já tinha o hábito de andar nua em casa.
Mas
apenas na privacidade do lar, nunca se atrevera à frente de estranhos.
«Sentia vergonha de despir-me, aquele complexo de ser gorda, de ter um
‘pneu’ aqui e ali», explica a naturista de Coimbra que se tornou,
desafiada pelo namorado e por amigos, um dos mais recentes membros do Clube Naturista do Centro (CNC).
Foi em pleno Inverno, mais exatamente em fevereiro, que Ana
ultrapassou os seus medos e decidiu participar pela primeira vez numa
atividade nudista, na piscina do Atlético Clube de Portugal no Alvito,
em Lisboa.
«Como se entra diretamente na água, foi mais fácil», conta a
praticante ao SOL.
Novos espaços para naturistas

A
chamada temporada indolor, que inclui atividades aquáticas como
hidroginástica mensais na piscina do Alvito e encontros em parques de
campismo exclusivos para naturistas está prestes a começar.
E funciona
como uma espécie de ‘iniciação’ para muitos curiosos do nudismo,
tendência que não para de aumentar em Portugal desde 2012, com
praticantes cada vez mais jovens.
«Temos cada vez mais adeptos nas faixas dos 20, 30, 40 anos, ao
contrário do que acontece em países como Inglaterra, França ou Holanda»,
garante o responsável da Federação Portuguesa de Naturismo (FPN),
Rui Elvas, acrescentando que o organismo registou um aumento de 35% de
filiados em 2015: «E esta é uma tendência que vem dos últimos três
anos».
As atividades desenvolvidas pelos clubes, sobretudo pelo do centro,
que agrega o maior número de sócios, são um dos motivos apontados por
Rui Elvas para este crescimento.
O presidente do CNC, que também integra
a FPN, estima por seu lado que, só este ano, a associação granjeou 50
novos sócios de todas as idades.
O reconhecimento oficial da prática confirma o interesse crescente
dos portugueses.
Com dois clubes que agregam mais de 1.500 sócios (além
do clube do Centro, há também um no Algarve), em julho foi reconhecida
oficialmente a 8.ª zona balnear para nudistas, a Adiça, na Costa da
Caparica.
Um mês antes, abriu também o 3.º parque de campismo na zona de
Marvão, no Alentejo.
E Portugal, assegura quem segue esta filosofia de vida, tem muito a
ganhar em termos turísticos com o naturismo:
na Europa, estima-se que
haja cerca de 5.8 milhões de praticantes.
Deixar têxteis e complexos
Não são as atividades na praia a atrair novos nudistas.
Grande parte,
diz Júlio Esteves, do CNC, começa pelas atividades na piscina do
Alvito:
«Chegamos a ter 50 pessoas dentro de água».
Foi o que aconteceu
com Mariana que não se sentia confortável para «deixar os têxteis para
trás na praia, perante uma multidão».
«Peso mais de 80 quilos e a ideia
de ser julgada era terrível.
Não dá para encolher a barriga, para
esconder o que quer que seja… Enfim, tinha bastantes complexos».
Após a primeira ida ao Alvito, continua a praticante, percebeu que a
única coisa que tinha a perder era esse medo:
«Fui com a minha filha de
dez anos, ela sentiu-se logo muito à vontade dentro de água.
Eu também.
Ganhei mais autoestima, fiz novos amigos…
Há corpos de todas as idades,
de bebés a pessoas mais idosas.
Rapidamente percebemos que não há nada
de errado connosco», conta, sorridente.
Carolina, de 19 anos, tornou-se nudista aos 17 – e os menores têm de
ter autorização.
«Os meus pais não são, mas não se importam», conta a
jovem universitária que, como Mariana, sentiu «alguma vergonha» no
início.
Rapidamente a perdeu, continua:
«Quando tirei a roupa, senti uma
leveza enorme.
Percebi que não havia nada a temer, senti-me acolhida
pelas pessoas.
Também já estive na Praia da Adiça e senti o mesmo».
O responsável do Clube Naturista do Centro,
Júlio Esteves, militar da Marinha de 44 anos, que faz nudismo há quase
uma década, garante que é uma questão de liberdade:
«Deixar para trás
roupa e complexos permite recarregar baterias.
Permite perceber que
despidos não há classes sociais, somos todos iguais.
Eu meu marido e filhos ,ficamos diariamente nus em nossa casa! Fazemos todas as tarefas do nosso lar como viemos ao mundo .
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