Naturismo
cada família uma sentença
Ficar totalmente “à vontade” diante dos filhos exige
bom senso e naturalidade. Saiba até onde ir para não chocá-los e
preservar sua privacidade!

Você está curtindo uma verdadeira lua-de-mel com seu amor.
Além de
aumentar a intimidade entre o casal, desfrutar dos prazeres da vida a
dois também pressupõe maior liberdade para ficar à vontade em casa, sem
se preocupar muito com portas abertas e os olhares dos outros.
Mas e
quando os filhos chegam?
A partir daí, muitos casais se sentem inibidos e passam a limitar
seus momentos íntimos às quatro paredes do quarto.
Outros não se
incomodam com a presença das crianças, nem se importam de ficar sem
roupas ou tomar banho diante dos filhos, já que todos pertencem à mesma
família.
Escancarar a intimidade diante dos filhos acaba por suscitar muitas
dúvidas nos adultos.
Além de se preocuparem com o resultado dessa
atitude no desenvolvimento dos pequenos, boa parte dos pais se perguntam
até onde ir para não chocá-los e não invadir a privacidade deles.
De acordo com Suzana Amarante Levy, psicóloga de família em São
Paulo, mais importante do que simplesmente transitar nu é o clima
estabelecido em casa em torno do fato, bem como a forma de se encarar
isso.
“Despir-se pode ser tanto um ato natural quanto erótico.
A posição
e o comportamento dos pais configura o que o nu representa.
Já quando a
nudez é erotizada, cercada de malícias e preconceitos, ela pode
realmente despertar desejo precoce e uma maior erotização nas crianças”,
completa.
No entanto, isso não significa que você deva abrir mão dos
momentos de beijos, abraços carinhosos com seus filhos.
Relaxe!
Entrar
no chuveiro junto com seu pequeno para dar banho nele, não vai torná-lo
uma pessoa viciada em sexo no futuro.
Esclareça as dúvidas e diferenças
Caso não se importe em ser surpreendido sem roupas, procure ser o
mais natural possível nas suas atitudes.
Liberte-se de toda angústia e
tensão ao se despir diante das crianças.
“Elas conseguem captar e
decodificar esta `linguagem não verbal´ do corpo e, se perceberem um
sinal de apreensão por parte dos pais, tendem a encarar a nudez como
algo feio ou proibido”, alerta Suzana.
Além disso, o corpo humano desperta muita curiosidade nas crianças.
Elas percebem as diferenças físicas entre meninos e meninas e entre o
papai e a mamãe, o que acaba por gerar inúmeras dúvidas em suas
cabecinhas.
Por isso, esteja sempre pronto e disposto a respondê-las.
Fale apenas o que elas são capazes de entender, de maneira clara, sem
rodeios.
Procure mostrar a elas que o corpo é algo bonito, que nada tem
de pecaminoso e, por isso, deve ser respeitado.
Normalmente, os pequenos têm necessidade de tocar o corpo dos pais,
ainda desconhecido para eles, movidos por uma grande curiosidade.
Nesse
caso, evite ficar constrangido, deixando claro que o corpo do papai ou
da mamãe não é um manequim a ser explorado.
Privilegie e preserve a sua
privacidade!
Afinal, ter momentos de intimidade é importante, não apenas
para a vida afetiva do casal, como também para o desenvolvimento
saudável da criança.
Não há mal algum em tolerar os olhares ocasionais
das crianças quando está se vestindo ou tomando banho.
Porém, procure
não encorajar esta intromissão, explicando que os limites que separam os
quartos de cada um devem ser respeitados.
Não se censure por se sentir envergonhado diante dos olhinhos das
crianças.
Isso não significa que está tratando a nudez como algo
proibido.
Os pais também podem transmitir aos filhos uma relação
saudável com o corpo, mesmo estando vestidos.
Se as bochechas do seu filho andam ficando coradas ao se despir
diante dos pais e ele tem preferido se trocar no quarto ou no banheiro,
trancado a sete chaves, é sinal de que expor seu corpo a outras pessoas
está lhe causando constrangimento.
Respeite-o!
“A vergonha é importante
para o desenvolvimento infantil e é normal a partir do começo da
puberdade (9 anos)”, explica a psicóloga.
Lembre-se de que de nada
adianta obrigar a criança a ficar sem roupa, se para ela isso for motivo
de desconforto.
Nudez cultural
Desde a Antiguidade Clássica, a nudez faz parte da cultura dos povos.
Os gregos tinham o hábito de frequentar banhos públicos, bem como de
participar dos jogos olímpicos totalmente nus.
Isso porque, para eles,
corpos mereciam ser tão exaltados quanto as mentes brilhantes.
No
Renascimento, boa parte das obras dos grandes pintores retrataram a
nudez, sem qualquer conotação maliciosa.
Cercada de tabus ou tratada com
naturalidade, a forma de encarar o nu varia de acordo com a cultura e
as tradições das civilizações.
Não se admire se algum dia encontrar pessoas nuas tomando sol, tranquilamente, num jardim da Alemanha, por exemplo.
Esse não é o caso
no Brasil.
Ainda que o culto ao corpo e a sensualidade exacerbada tenham
presença garantida nos outdoors, na TV e nas revistas, aqui o costume
de tirar a roupa em público se limita a algumas colônias de naturismo.
A
lei e as convenções sociais reforçam a ideia de proibição em torno da
nudez em público, considerada atentado ao pudor, passando a condicionar
os costumes das pessoas dentro de casa também.
As famílias que cultivam esse hábito podem ser minoria aqui, mas nem
por isso estão cometendo um atentado contra a castidade.
O problema é
que diferenças culturais e de costumes, mesmo entre lares diferentes,
sempre geram conflitos e choques.
O que você faria, por exemplo, se sua
filha fosse dormir na casa de um coleguinha e voltasse contando que viu o
pai da amiga pelado?
Portanto, “mais do que apreciar o ato de ficar nu, os pais devem
entender que educar os filhos é criá-los também para a sociedade, de
acordo com o contexto social e cultural do lugar em que se vive”,
explica Suzana Amarante Levy.
Além de evitar situações constrangedoras,
isso condiciona as crianças a conviverem em sociedade.
Tenha bom senso e
as faça respeitar os limites físicos impostos pelos diversos ambientes
da casa.
Respeite a privacidade, a sua e a dos seus filhos, e ensine a
eles que bater na porta antes de entrar faz parte das regras de
convivência!
Dispa-se, também, dos preconceitos e explique a eles que
cada família tem hábitos próprios e modos diferentes de viver.
Liberdade total!!!
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